sexta-feira, 27 de junho de 2008

IKEA

Drops de posts anteriores:

Sobre o post do mercado imobiliário: recentemente marido estava procurando um quarto pra um amigo que vem passar 3 meses aqui e nos deparamos com uma nova exigência dos senhorios: o quarto em questão era direcionado para um homem homossexual.

Sobre o post da greve dos ônibus: a greve acabou depois de 19 dias, ou seja, em 20 de junho. Numa sexta-feira, os motoristas voltaram a trabalhar. Não rolava de esperar até segunda-feira? Bem, melhor pra gente, porque finalmente pudemos ir na IKEA comprar os móveis da casa nova.

IKEA de Delft: o sofá anunciado na fachada é bem mais
da metade do que a gente pagou por nossos móveis todos.


Pra quem não conhece, a IKEA é uma rede de lojas de origem sueca, sediada aqui na Holanda e presente em toda a Europa, na Ásia, EUA e Canadá. Ela é tipo a Tok&Stok, sendo que bem melhor.
Melhor porque ela oferece mobiliário de qualidade a preços mais acessíveis que a similar brasileira (que faz móveis carérrimos sem nem essa qualidade toda). Ela oferece desde móveis beeem baratinhos até uns com design mais elaborado, mas ainda assim relativamente baratos. É claro que foi na categoria dos bem baratinhos que a gente se situou.
Tipo, é a loja que permite que lisos como nós consigam montar a casa toda de vez. Sendo que nas casas miúdas daqui não precisa de muito né?
O princípio da loja é que os produtos são criados pra poderem ser montados pelos próprios consumidores. Mas não é só isso que nós consumidores fazemos. O processo lá é assim: você vê os móveis no mostruário, anota as referências daqueles que escolheu, desce até o estoque e pega as caixas você mesmo. E pra gente que pegou a casa toda? Haja carrinho... nós precisamos de três. Depois você passa as mercadorias (no nosso caso, quase literalmente a nossa casa) no caixa e leva você mesmo as caixas pra o setor de transportes. Só faltou a gente ter que carregar a van. Mas se não tivemos que carregar, certamente tivemos que descarregar. A van chega só com o motorista, e o nosso foi até bonzinho que ajudou a levar pra dentro de casa.
Assim fica mais fácil baratear o preço, não é mesmo pessoal?
Mas o sistema até que não é difícil, e a vantagem de achar tudo mais barato no mesmo lugar compensa.
E liso que é liso topa tudo pra economizar.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

A Holanda na EuroCopa 2008

Os holandeses são super empolgados com futebol. Quando começou a EuroCopa, diversas casas e lojas ficaram todas decoradas com bandeiras do país, e muitas muitas bandeirinhas laranja. Faziam a festa em dias de jogo, e merecidamente. Na primeira fase, a Holanda deu muito orgulho pra sua torcida.

Alguns, mas céticos, diziam: toda vez é assim, se empolgam, fazem a festa, e a Holanda não passa da primeira fase. Na verdade, a Holanda só ganhou uma EuroCopa, em 88 e de lá pra cá, a “Laranja Mecânica” ficou só na promessa, apesar de eles acharem o time deles fantástico demais. No livro que li sobre “como sobreviver aos holandeses”, o autor fala de um grande jogador holandês, que depois virou técnico e foi o responsável pela formação tradicional da seleção neerlandesa. Segundo o autor, esse jogador - que eu não lembro o nome - foi tão grande, que em sua época só se comparava a Pelé, Maradona e Beckenbauer. Aí depois de escrever isso ele acordou...

Daí que a gente foi ver o jogo de Holanda e França num bar. A primeira coisa que estranhamos foi que o bar retira as mesas e cadeiras e as pessoas assistem ao jogo em pé, que nem em arquibancada, sendo que não tem piso escalonado que nem num estádio, então a probabilidade de um gigantão ficar na sua frente barrando a visão é imensa. No meu caso, foi um gigante alemão e bêbado, que não conseguia ficar quieto. Uma beleza.

E o bar lotando cada vez mais... e aquelas coisas chatas de gente com formiga nas calças, indo pra lá e pra cá o tempo todo, um inferno. Onde está o prazer de ficar todo mundo sentadinho, assistindo ao jogo, comendo e tomando cerveja? Oxe...

Mas eles bem que são animados. Aplaudem até cobrança de lateral. Chegou perto da trave já saem gritando gol. E gritam bastante quando é gol de verdade.

Apesar da vitória bonita que foi nesse jogo, a gente saiu do bar meio mal-humorado, porque a situação é realmente bem desconfortável e a gente não ficou eufórico como eles pra relevar isso né? Aí a gente saiu logo que acabou o jogo, porque ia começar a euforia nas ruas e a gente queria evitar.

Fizemos certíssimo, porque quando fomos pegar nossas bicicletas, uns jovens tavam vandalizando as bicicletas que estavam estacionadas junto das nossas. O povo tava jogando uns fogos no meio da rua, em cima dos outros. Um quase pegou na minha perna. Parece que se aproveitam da euforia e bebedeira dos outros pra brincar de marginal. Tão bonito né? Mamãe-quero-ser-gangster.

Depois dessa, decidimos: deixa os jogos deles com eles. A gente fica vendo em casa mesmo.

E acaba que os céticos tavam certos né? A Holanda passou da primeira fase como favorita, perdeu pra Rússia (e gente, eu não entendo bulhufas de futebol, mas eu nunca que soube que a Rússia jogava bem). Agora a euforia passou e tudo volta ao normal. As peças laranja entraram em promoção e fim de história, pelo menos até o próximo campeonato, quando os herdeiros daquele que foi tão grandioso quanto Pelé voltam a ser promessa.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Easy Going


A tartaruguinha chapada.
Haarlem, mar|2008.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Menu de Brebotos – BELGIUM WAFFLE

Porque nem só de hartig (salgado) vivem os brebotos. E esse é praquelas pessoas formiguinhas loucas por doce, comme moi.

Pois o Waffle Belga é uma djilícia, amigos. E eu nem tive que ir até a Bélgica pra provar, embora eu bem que pretenda fazer isso. Esse eu provei na cidade gatinha Haarlem.

Pra falar a verdade, eu nem tive muita escolha em relação a provar. O cheiro maravilhoso que incensou toda a rua me obrigou, juro. E a loja era uma gracinha, e o doce é lindo.

Daí que o doce tem essa base, o waffle em si, e você escolhe a cobertura que quiser (e que o cozinheiro oferecer, claro). Eu escolhi calda de cereja. Marido, por exemplo, achou essa cobertura muito doce, mas você pode comer também com creme, com uma camada fininha de açúcar refinado, com calda de outras frutas ou puro mesmo, né pessoal?

Pois, se forem na Bélgica, a dica é encher a cara de cerveja e no dia seguinte se empaturrar de waffle pra recuperar a glicose.

Ficadica.


*Parabéns, amigo-coisa!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Meu mundo do transporte coletivo perfeito caiu...

Pois é amigos... os motoristas de ônibus estão em greve por melhores salários. Parece que a coisa pra eles não é tão boa assim...
Nas duas semanas anteriores ao início da greve, eles fizeram paralisações de advertência. Pararam 3 dias na semana, das 9 às 16h. Pelo visto a advertência não funcionou e eles pararam totalmente desde 1 de junho.
Não sei se a greve é nacional, ou seja, se envolve todas as empresas de ônibus, ou se é só na Connexxion, que é a maior empresa da Holanda, de ônibus e bondes (que também pararam) e é a única que serve Leiden.
Em cidades menores, as pessoas não devem ter muitos problemas pra se deslocar pelo menos no centro, pois dá pra ir de bicicleta facilmente. Eu mesma comecei a me aventurar mais de báique justamente por conta da greve (e disso falo mais tarde).
Mas não sei como fica nas cidades maiores e, principalmente, pra quem tem que ir a cidades pequenas onde o trem não passa.
Pelo visto o transtorno não deve ter incomodado os bolsos dos donos da empresa ainda, já que a coisa vem se arrastando por 10 dias e ninguém faz idéia se está perto de acabar...

Update: a greve envolve 3 das 7 companhias de transporte que funcionam na Holanda.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Lanasolanda responde:

Porque o Brasil não investe mais em bicicletas como alternativa de transporte que faz bem pra saúde das pessoas, do meio-ambiente e pro tráfego nas grandes cidades?

Porque o costume de andar de bicicleta pra cima e pra baixo foi criado pro povo que tem cabelo liso.

terça-feira, 3 de junho de 2008

A legalização da maconha

Eu já me irritava muito com a mídia brasileira quando ainda estava em casa. Agora, de fora, estou me irritando mais ainda. É uma mídia monotemática, primária e baseada mais nas pré-concepções dos jornalistas do que nos fatos e no dever de bem-informar.

Falo isso pra introduzir o tema lá em cima. Por quê? Oras...

Vou dar um exemplo: muita gente veio falar comigo a respeito da história de ser permitido sexo nos parques aqui. Eu não tenho TV em casa, mal leio jornal. Sei das notícias daqui mais pelos meios brasileiros mesmo. Mas daí um conhecido nosso, que já mora aqui há algum tempo e anda mais bem-informado, me disse que a questão foi a seguinte: um casal foi preso trepando num parque em Amsterdã. O cara questionou a prisão na justiça e ganhou a causa, criando então jurisprudência pra o caso de alguma outra pessoa na mesma situação também querer questionar o caso na justiça. Priu. Não há lei liberando. Há a possibilidade de ganho de causa, caso você seja preso. E as pessoas ainda podem ser presas se forem pegas com a boca (ou outras partes) na botija.

Mas as manchetes brasileiras foram: Holanda libera sexo ao ar livre, entre outras abobrinhas. E parece que a grande maioria dos holandeses nunca nem ouviu falar no tema.

Passando um pouco mais pro tema em questão. Uma outra notícia que eu vi era: Holanda proíbe cigarro em espaços públicos, mas a maconha continua liberada. Erro atrás de erro.

A Holanda realmente vai proibir o cigarro em ambientes fechados, como bares e restaurantes, da mesma forma que o Recife fez. Nos espaços abertos, o cigarro é permitido, a maconha não. Oxe, e num é legaláisede?

Esse é um dos maiores mal-entendidos em relação à legalização da maconha: que pode fumar nos espaços públicos, em todo canto.

A questão é a seguinte: para comprar maconha e outras drogas leves, você vai aos coffeeshops ou smartshops. Em alguns desses ambientes você compra e pode consumir lá mesmo (os coffeeshops funcionam como bares também), em outros você compra e vai embora. Se não for fumar no coffeeshop, por lei, você só pode fumar em casa. Existe tolerância pra fumar na rua? Em alguns lugares, sim. Na rua em Amsterdã, que falei no post da prostituição, a galera fuma na rua mearmo. Mas nenhum pai de família vai levar suas crianças pra dar uma voltinha naquela rua.

Nas cidades menores, como Leiden, a tolerância é menor. Porque os coffeeshops ficam nas ruas de comércio e tal. Rola de alguém fumar na rua? Rola. Mas se outrem se incomodar, pode chamar a polícia. É uma coisa meio de acordo social. Fumem maconha, mas matenham isso longe das minhas crianças, que não rola muito problema.

Por isso nem vão ficar achando que podem aloprar em qualquer lugar que chegarem aqui. Não é porque a maconha é liberada que todo holandês é maconheiro.

A venda também tem suas restrições. Os coffeeshops só abrem às 4 da tarde, o preço é alto e provavelmente deve ter um limite da quantidade que você pode comprar. Em casa, as pessoas podem também plantar até 6 pés de maconha. Mais do que isso é considerado tráfico. Oxente, e a liberdade total rola não?

É, meus caros, a velha história do liberar/controlar. É o método deles. A decisão de legalizar as drogas leves aqui foi uma tentativa de diminuir o consumo de drogas pesadas, em especial a heroína. Deu certo. O consumo de maconha aumentou bastante, o de heroína caiu. Com isso diminuíram problemas de saúde pública e de tráfico.

Não sei se daria certo no Brasil, os sistemas são totalmente diferentes e não dá pra pensar em simplesmente copiar uma solução entre países tão diversos.

Uma vez entrei numa coffeeshop, acompanhando uns amigos que iam comprar maconha. E quem me conhece sabe que eu não falei “uns amigos” pra despistar, porque eu sou careata. É ótimo ver o cara entregando o menu com as opções. Você pode comprar em gramas ou, para os maconheiros safados que não sabem “apertar”, vende o baseado pronto também. O pessoal levou 5 gramas, pagou 4 e ainda ganhou a seda. Uma loja comum, com promoções comuns.

Outra coisa engraçada são os viciados tremendo e olhando nervosamente o relógio esperando dar 16h pra loja abrir.

Em alguns lugares, existem muitos problemas com jovens drogados. Em Volendam (fotos no Picasa) existe uma associação chamada “Mães Corajosas” que tentam tirar seus filhos do consumo e impedir que os mais novos comecem. Porque mesmo num país onde é legalizado, a maioria dos pais não quer saber de seus filhos consumindo drogas né? Ainda que eles mesmos tenham consumido no passado, ou talvez por isso mesmo...

Outro problema recente são os abusos dos turistas. Muita gente vai em Amsterdã pra ficar doidão e acaba passando bem mal. A culpa é dos vacilões que não sabem fazer? Nãããooo, é do fato de as drogas serem liberadas. Muita gente passa mal com chá de cogumelo, ainda que na caixa do chá, venham as indicações de como fazer corretamente, informações para iniciantes e de como baixar a lombra caso você estile. Setores conservadores querem voltar a proibir. O prefeito de Amsterdã (cidade que vai perder muita grana caso seja proibido) defende que os turistas sejam mais bem-informados e que só possam consumir as drogas depois de 3 dias de estada na cidade. No que isso vai dar, ainda não sei. Aviso se rolar alguma novidade!


P.S.1: Não é só maconha que é liberado, obviamente. Por isso falei tanto em “drogas leves”. Entre a lista, estão chás de cogumelos e Ayahuasca, por exemplo. Lista de uma loja aqui. Não se espantem com a vitamina C, ela é uma das “corta-lombra”.


P.S.2: Com esse texto dou início a uma nova série, de fotos de coffeeshops nas cidades em que fui. Algumas tem nomes deveras impagáveis!